sábado, 27 de março de 2010

Santa Sé na ONU: e o resgate de dinheiro para os pobres?


É urgente priorizar a redução da pobreza
NOVA YORK, sexta-feira, 26 de março de 2010 (ZENIT.org).- A Santa Sé considera que os países que conseguiram resgatar dinheiro para salvar as instituições financeiras na crise econômica deveriam ter também recursos para ajudar os pobres.
Assim indicou o arcebispo Celestino Migliore, observador permanente da Santa Sé na ONU de Nova York, em uma intervenção durante a 64ª Assembleia Geral das Nações Unidas, no 4º Diálogo de Alto Nível sobre Financiamento para o Desenvolvimento, sob o tema: “O Consenso de Monterrei e a Declaração de Doha sobre o Financiamento para o Desenvolvimento: estado de aplicação e tarefa futura”.
Destacando o “impacto devastador da recente crise financeira nas populações mais vulneráveis do mundo”, mas também a “cooperação internacional sem precedentes”, afirmou que “a estabilização de algumas economias ou a recuperação de outras não significa que a crise tenha acabado”.
“De fato, o conjunto da economia mundial, em que os países são muito interdependentes, nunca será capaz de funcionar sem problemas se as condições que geraram a crise persistirem, especialmente quando as desigualdades fundamentais em ingressos e riqueza entre indivíduos e entre nações continuam”, insistiu.
Imperativo moral
Assim, o representante da Santa Sé destacou que “não podemos esperar uma recuperação definitiva e permanente da economia global para tomar medidas”.
“E a razão mais importante disso é o imperativo moral: não deixar toda uma geração – quase uma quinta parte da população mundial – em extrema pobreza.”
Destacou a “urgente necessidade de reformar, fortalecer e modernizar o conjunto do sistema de financiamento para o desenvolvimento dos países, assim como os programas da ONU, incluindo as agências especializadas e as organizações regionais, tornando-as mais eficientes, transparentes e coordenadas, tanto no âmbito internacional como no local”.
Sublinhou também a necessidade de reformar o Fundo Monetário Internacional e o Banco Mundial, “cujas estruturas e procedimentos devem refletir as realidades do mundo de hoje e não mais as do período posterior à 2ª Guerra Mundial”.
O prelado afirmou que “a eficácia das medidas adotadas para enfrentar a crise atual deveriam ser avaliadas sempre por sua habilidade em resolver o problema principal”.
E concluiu: “Não deveríamos esquecer que o mesmo mundo que poderia encontrar, em poucas semanas, trilhões de dólares para resgatar os bancos e as instituições financeiras de investimento, ainda não pôde encontrar 1% dessa quantidade para as necessidades dos famintos, começando com os 3 bilhões de dólares necessários para proporcionar alimento aos escolares que têm fome ou os 5 bilhões necessários para apoiar o fundo alimentar de emergência do Programa Mundial de Alimentos”.

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