sábado, 27 de fevereiro de 2010

Acordo de paz para Darfur


ÁFRICA/SUDÃO - “Um acordo significativo, um passo importante para restabelecer a paz no Darfur

Doha (Agência Fides) - “O acordo assinado entre o governo sudanês e o JEM é importante porque este último é o grupo militarmente mais forte e capaz que age em Darfur” – disse à Agência Fides Vittorio Scelzo que segue através da Comunidade Romana de Santo Egídio as negociações de Doha (Catar) onde em 23 de Fevereiro, foi assinado o cessar-fogo e um acordo por Amin Hassan Omar, chefe dos negociadores sudaneses, e por Ahmed Tugud, líder da delegação do Justice and Equality Movement (JEM).
“O tranquiliza tanto o quadro político interno sudanês quanto as relações entre os Estados da Região, também à luz do recente acordo entre Chade e Sudão” – afirma Scelzo. “O acordo entre Cartum e N’Djamena marcou uma viradagem decisiva na negociação com o JEM porque este último tem agido estrategicamente no território chadiano”. Em Janeiro de 2010 os dois países assinaram um acordo de “normalização” das relações e um protocolo de segurança das forças, que prevê a colocação de 3 mil homens, no confim, dividida em partes iguais. As relações entre Chade e Sudão foram reforçadas pela recente visita do Presidente chadiano Idriss Déby a Cartum (ver Fides 9/2/2010)
Os acordos de Doha não foram assinados pelos outros movimentos que actuam no Darfur, entre eles o Sudan Liberation Army (SLA). “O SLA dividiu-se em várias correntes por isso é difícil chegar a uma posição comum entre todas as suas componentes. É preciso continuar as negociações para incluir também aqueles grupos’ – explica Scelzo. “Não podemos pensar que o clima de insegurança no Darfur desapareça rapidamente. Darfur é um território grande e difícil de controlar. Com o fim das operações militares do grupo de guerrilha mais forte, o maior problema de segurança é constituído pelo banditismo que atinge, sobretudo, os pilares da comunicação”.
Segundo notícias da imprensa sudanesa, o JEM, poderia chegar a um acordo político com o National Congress Party (NCP), o partido do Presidente Omar el-Bashir, tendo em vista as eleições políticas que deveriam realizar-se até à primavera deste ano. “Um acordo entre as duas facções políticas é possível porque o JEM foi criado por pessoas próximas à linha política do governo sudanês que entraram em dissidência. O JEM, diversamente do SLA, tem uma agenda política nacional, enquanto o SLA e outros grupos estão concentrados sobre o problema de Darfur” – explica Scelzo. “Por este motivo o SLA afirma que o acordo de Doha não trará benefícios concretos para a região. Na realidade o acordo, que deve ser aperfeiçoado e completado com acordos futuros, acolhe duas solicitações que foram feitas por muitos grupos do Darfur: uma mudança da divisão administrativa da região e o pagamento de uma indemnização para as vítimas da guerra civil”.
“Acredito que o acordo de Doha seja muito significativo e um passo importante para restabelecer a paz na região” – conclui Scelzo.
A Comunidade de Santo Egídio expressa a sua satisfação porque o acordo de Doha prevê a revogação de mais de 100 condenações à morte no Sudão, como pedido da Comunidade de Santo Egídio, que há vários anos é promotora de uma campanha mundial para a abolição da pena capital. (L.M.) (Agência Fides 24/2/2010)

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