sábado, 19 de dezembro de 2009

Santa Sé: defender o ambiente e proteger a humanidade


Intervenção do representante do Vaticano, Migliore na Cimeira de Copenhaga
Por Roberta Sciamplicotti

ROMA, sexta-feira, 18 de Dezembro de 2009 (ZENIT.org).- Entre a humanidade e o meio ambiente há uma íntima relação de interconexão; por isso, tutelar a natureza e a criação em geral é a melhor maneira de proteger também a raça humana. Esta foi a mensagem levada pela Santa Sé à Cimeira de Copenhaga.
Tal mensagem foi transmitida através do arcebispo Celestino Migliore, observador do Vaticano permanente nas Nações Unidas, que interveio na sessão plenária do Segmento de Alto Nível da Conferência da ONU sobre Mudança Climática, realizada na capital dinamarquesa.
Segundo o prelado, a conferência “confirma o tempo que falta para criar a clara e firme vontade política necessária para adotar medidas vinculantes comuns e orçamentos adequados, visando a uma mitigação e a uma adaptação eficazes diante da atual mudança climática”.
Sublinhou que “as numerosas considerações durante este processo convergem em um aspecto central: a necessidade de uma reflexão nova e mais profunda sobre o significado da economia e seus objetivos, e de uma revisão profunda e clarividente do modelo de desenvolvimento, para corrigir o mau funcionamento e as distorções”.
Dom Migliore indicou que o planeta precisa de uma “profunda renovação cultural e um redescobrimento dos valores fundamentais sobre os quais construir um futuro melhor”.
Para alcançar este objetivo, é preciso “realismo, confiança e esperança”, que permitam “assumir as novas responsabilidades” para realizar uma autêntica e benéfica mudança.
“As crises morais que a humanidade está experimentando, sejam de tipo económico, ambiental ou social – todas profundamente conectadas – nos obrigam a redesenhar nosso caminho, a estabelecer novas linhas orientadoras e a encontrar novas formas de compromisso”, sendo “ocasião para o discernimento e um novo tipo de pensamento”.
Este dever, acrescentou, exige “recolher análises científicas detalhadas e precisas para ajudar a evitar as ansiedades e temores de muitos e o cinismo e a indiferença de outros”.
Do mesmo modo, “exige o envolvimento responsável de todos os segmentos da sociedade humana, para buscar e descobrir uma resposta adequada à realidade tangível da mudança climática”.
Dom Migliore recordou que a sociedade civil e as autoridades locais “não esperaram as conclusões políticas e legalmente vinculantes dos nossos encontros, que exigiram tanto tempo”.
“Indivíduos, grupos, autoridades e comunidades locais colocaram em marcha uma impressionante série de iniciativas para dar forma a dois aspectos essenciais da resposta à mudança climática: adaptação e mitigação.”
“As soluções técnicas são necessárias, mas não são suficientes – declarou. Os programas mais sábios e eficazes se concentram na informação, na educação e na formação do senso de responsabilidade nas crianças e adultos com relação aos modelos de desenvolvimento e proteção da criação.”
Estas iniciativas, segundo observou o prelado, “já começaram a construir um mosaico de experiências e objetivos marcados por uma ampla conversão ecológica. Estas novas atitudes e comportamentos têm o potencial de criar a necessária solidariedade intra e intergeracional e afugentar todo estéril sentimento de medo, terror apocalíptico, controle despótico e hostilidade com a humanidade, que se multiplicam nos informes da media”.
Dom Migliore recordou também que a Santa Sé “está realizando esforços significativos para assumir um papel orientador na defesa ambiental, promovendo e implementando projetos de diversificação energética que visam ao desenvolvimento das energias renováveis, com o objetivo de reduzir as emissões de CO2 e o consumo de combustíveis fósseis”.
Junto a isso, “está dando importância à necessidade de difundir uma educação na responsabilidade ambiental que visa também a proteger as condições morais para uma autêntica ecologia humana”.
“Devemos proteger a criação – terra, água e ar – como dom confiado a qualquer um, mas devemos também e sobretudo evitar que a humanidade se destrua”, sublinhou.
“A degradação da natureza está diretamente conectada à cultura que modela a coexistência humana: onde a ecologia humana é respeitada na sociedade, a ecologia ambiental obterá benefício.”
“A forma como a humanidade trata o meio ambiente influencia a forma como trata a si mesma”, concluiu.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Tocar os Sinos a 13 de Dezembro


A CIDSE, a Caritas Internacional, o Conselho Mundial das Igrejas e a APRODEV estão a convidar as paróquias e dioceses de todo o mundo a mobilizarem os seus fiéis para repicarem os sinos das igrejas, num apelo global a uma acção urgente sobre as alterações climáticas. No Domingo, 13 de Dezembro, a meio da Conferência de Copenhaga, as igrejas de todo o mundo vão repicar os sinos pela Justiça Climática. Este “toque de alarme dirigido àqueles que decidem as medidas que podem assegurar o nosso futuro comum” está agendado para as 15 horas em todas as latitudes, das Ilhas Fiji (onde o dia começa) até à Europa e resto do mundo.
Os sinos vão tocar 350 vezes, em alusão às 350 partes de CO2 por milhão na nossa atmosfera, valor considerado pelos cientistas como o limite seguro para o planeta e para os seres humanos.
Convidamo-los a juntar-se a esta iniciativa, pedindo aos vossos párocos que façam repicar os sinos da igreja no dia 13, às 15 horas.
Se a vossa igreja participar, por favor avisem-nos por email para termos uma ideia da adesão em Portugal.
Caso alguém possa gravar o tocar de sinos num pequeno vídeo, seguem também em anexo algumas indicações para esse efeito. O conjunto destes vídeos vai resultar num anúncio a documentar esta iniciativa internacional.


As alterações climáticas estão na ordem do dia, com a Conferência da ONU sobre Alterações Climáticas a acontecer de 7 a 18 de Dezembro. A Igreja tem alertado para o problema de justiça global que está em jogo: as emissões de gases de efeito de estufa (como o CO2) têm origem sobretudo nos países desenvolvidos, mas o efeito nefasto das alterações climáticas atinge muito mais duramente os países mais pobres.
Na sua recente encíclica Caritas in Veritate, o Santo Padre exorta-nos a empenhar-nos na defesa da justiça e na solidariedade com os mais pobres. Somos assim desafiados também a mostrar aos políticos o nosso desejo que se tomem medidas ambiciosas na mitigação das alterações climáticas e na prevenção, para o bem das gerações futuras e dos povos mais vulneráveis.
É por este motivo que a Fundação Evangelização e Culturas participa na campanha “Vamos Criar um Clima para a Justiça”, organizada a nível mundial pelas duas maiores redes de organizações católicas para o desenvolvimento, a CIDSE e a Caritas Internationalis. Esta campanha pretende alertar os governantes para a necessidade de assumirem na Cimeira de Copenhaga um compromisso mundial justo sobre alterações climáticas e para a importância de darem voz aos países mais pobres na mesa das negociações.

domingo, 6 de dezembro de 2009

A Cimeira de Copenhaga deve chegar à conversão de estilos de vida


O porta-voz do Vaticano ilustra as implicações éticas


CIDADE DO VATICANO, domingo, 6 de Dezembro de 2009 (ZENIT.org).- O interesse que a Conferência de Copenhaga suscita sobre a mudança climática deve se converter em um convite a mudar os estilos de vida, considera o porta-voz do Vaticano.

O Pe. Federico Lombardi, SJ, director da Sala de Imprensa da Santa Sé, analisou as implicações éticas desta cimeira organizada pelas Nações Unidas entre os dias 7 e 18 de Dezembro, no último editorial do semanário Octava Dies, emitido pelo Centro Televisivo Vaticano.
O sacerdote começa constatando que, “há algum tempo, muitos consideravam as preocupações climáticas e ambientais como um luxo: preocupação dos ricos. Outros seriam os problemas dos pobres, que deveriam sobreviver e satisfazer suas necessidades primárias”.
“Depois, compreendemos que não era assim – acrescenta. Quando há uma seca ou acontecem catástrofes ambientais, os pobres são os primeiros a sofrer ou morrer. Quem se encontra em lugares mais seguros ou possui mais recursos para nutrir-se ou proteger-se, pode superar melhor a piora das condições ambientais.”
Portanto, considera o porta-voz do Vaticano, “devemos nos preocupar pelo estado de saúde do planeta por todos, mas em primeiro lugar pelos pobres”.
“O planeta é como um organismo no qual os desequilíbrios interagem uns com os outros. A alteração da composição da atmosfera, a elevação do nível dos mares, a redução das reservas de água doce não-contaminada, as mudanças das precipitações e dos furacões, a erosão dos solos e a desertificação, os danos à agricultura e à saúde humana... E tudo isso, no fundo, depende em grande parte das decisões e dos comportamentos humanos.”
A Conferência de Copenhaga sobre o clima será considerada um êxito ou um fracasso, reconhece o sacerdote, segundo os compromissos que serão assumidos pelos governos, sobretudo pelos dos maiores países.
“Serão produzidos números ‘mágicos’ sobre reduções das emissões de gases nocivos e sobre financiamentos. Mas, no final, tudo dependerá do comportamento de todos nós, habitantes da Terra, acostumados demais a achar que somos espertos na hora de descarregar a responsabilidade no outro”, acrescenta o porta-voz vaticano.
“O Papa, na sua última encíclica, falou justamente de ‘novos estilos de vida’ e recordou que o sistema ecológico se sustenta sobre uma boa relação do homem com a natureza, mas também com seus semelhantes. O problema de Copenhaga, portanto, também é um problema nosso.”
Conferência de Copenhaga: convite à conversão moral, assegura o Papa
“A salvaguarda da criação exige a adopção de estilos de vida sóbrios”


CIDADE DO VATICANO, domingo, 6 de Dezembro de 2009 (ZENIT.org).- Para Bento XVI, a Conferência da ONU sobre a mudança climática, que começa nesta segunda-feira em Copenhaga, constitui um convite a uma conversão moral e a uma mudança nos estilos de vida.
Assim explicou neste domingo aos milhares de fiéis reunidos na Praça de São Pedro para participar do tradicional encontro semanal por ocasião do Ângelus, ao fazer referência à cúpula com que a comunidade internacional procura enfrentar o fenómeno do aquecimento global.
“Desejo que as sessões de trabalho ajudem a encontrar ações respeitosas da criação e promotoras de um desenvolvimento solidário, fundado na dignidade da pessoa humana e orientado ao bem comum”, reconheceu o Papa, falando da janela dos seus aposentos.
Segundo o pontífice, “a salvaguarda da criação exige a adoção de estilos de vida sóbrios e responsáveis, sobretudo com relação aos pobres e às gerações futuras”.
A partir desta perspectiva, concluiu, “para garantir pleno êxito à conferência, convido todas as pessoas de boa vontade a respeitarem as leis estabelecidas por Deus na natureza e a redescobrir a dimensão moral da vida humana”.
A Santa Sé participa da conferência com uma delegação que é dirigida pelo arcebispo Celestino Migliore, observador permanente da Santa Sé nas Nações Unidas.