quinta-feira, 10 de junho de 2010

Congo: assassinado defensor dos direitos humanos


Floribert Chebeya era diretor da ONG “A Voz dos que não têm voz


KINSHASA, terça-feira, 8 de junho de 2010 (ZENIT.org). - Floribert Chebeya, diretor executivo da ONG “A Voz dos que não têm voz” (VSV), foi encontrado morto, junto a um motorista da organização, em Kinshasa, República Democrática do Congo.
Floribert Chebeya Bahizire, de 47 anos, desapareceu com o motorista Fidèle Bazana Edadi na noite de 1º de junho, quando se dirigiam para uma reunião na Sede da Inspetoria Geral de Polícia, onde se encontrariam com o inspetor-chefe, o general John Numbi.
Chebeya não chegou e se encontrar com o inspetor e, pouco antes das 20 horas, informou sua família, por meio de uma mensagem de texto via celular, que estaria regressando à cidade, e não foi mais visto.
O corpo de Chebeya foi encontrado na noite de 2 para 3 de junho, no banco de trás de seu automóvel, abandonado à beira de uma rodovia à oeste de Kinshasa. Estava com as mãos amarradas às costas e as calças arriadas até os joelhos. O corpo de Edadi, seu motorista, foi encontrado no dia seguinte, em outra área nos arredores da cidade.
Destacado defensor dos direitos humanos e vítima de constantes ameaças ao longo dos anos, Floribert Chebeya participou da I Plataforma de Dublin para os defensores dos direitos humanos, em janeiro de 2002.
As circunstâncias da morte ainda não estão claras. “O fato de ter sido convocado pelo inspetor-chefe da polícia nacional sugere que Chebeya tinha um assunto muito delicado para discutir. Sabemos que Chebeya pretendia apresentar um relatório sobre as condições dos presídios locais”, disse à agência Fides o padre Loris Cattani, missionário xaveriano.
“Floribert Chebeya era um dos ativistas mais comprometidos com a causa dos direitos humanos, e vinha recebendo ameaças há algum tempo”, acrescentou.
“Há cerca de um ano, Chebeya foi preso pelas autoridades congolesas por protestar contra um contrato firmado entre a República Democrática do Congo e uma importante multinacional francesa, visando à exploração de minas de urânio em Katanga”, contou padre Cattani.
“Chebeya criticava o contrato porque a empresa, a seu ver, era responsável por graves violações dos direitos humanos e já havia causado enormes danos ambientais em outros países, especialmente no Níger”, disse ainda.
Em um comunicado oficial, a Conferência Episcopal Congolesa “condena energicamente o cruel assassinato de uma pessoa cuja vida havia sido generosamente dedicada à defesa dos direitos humanos em nosso país”, exigindo uma investigação “credível” para identificar os responsáveis e levá-los à justiça. “Porque é inconcebível a construção de um Estado democrático afogando a voz daqueles que defendem os direitos humanos”, completam os prelados.
A ONU e a União Europeia, por sua vez, pediram ao governo congolês “uma investigação independente e imparcial” sobre as mortes.

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