Em Lusaka, a capital da Zâmbia, está a assistir-se ao pior surto de cólera dos últimos anos. São os Médicos Sem Fronteiras que o afirmam num comunicado à imprensa datado de 12 de Abril de 2010. Segundo esse comunicado, “durante as últimas cinco semanas o número de casos de cólera subiu dramaticamente acima de 4.500, e mais de 120 pessoas perderam as suas vidas”.
Centros Provisórios de Tratamento
Neste momento, a preocupação dos Médicos Sem Fronteiras é conter a doença. Para isso criaram três centros de tratamento de cólera (CTC) em Matero, Chawama e Kanyama. O número de casos é, de facto, alarmante. Em colaboração com o Ministério da Saúde da Zâmbia, os Médicos Sem Fronteiras trataram já 4.020 doentes desde o dia 4 de Março.
Nestes centros montaram um número elevado de tendas provisórias para facilitar o internamento e tratamento dos casos que chegam diariamente. “Na semana passada”, diz o mesmo comunicado, “assistimos ao ponto mais alto deste surto com mais de 1.054 internamentos”. Por isso, há agora alguma esperança de que o número de casos comece a diminuir.
Na semana passada fui visitar um desses CTC em Matero, uma vez que é o centro que serve a zona de Lilanda onde me encontro. Uma das responsáveis pelo CTC de Matero disse-me que não estão autorizados a falar nem a deixar ninguém visitar o centro. Depois de conversarmos um pouco, deixou-me fotografar as tendas. Certamente nos dá uma ideia das dimensões da situação e do secretismo que se criou à sua volta.
Necessidade de Água Potável e Instalações Sanitárias
A propagação da cólera tem a ver com a qualidade da água e dos esgotos. Por isso, os Médicos Sem Fronteiras estão a fazer um grande esforço para fazer chegar água potável às populações das áreas mais pobres da cidade.
Quando falamos de cólera na Zâmbia, não falamos nada de novo, pois ela é endémica. A situação repete-se ano após ano durante a estação da chuva. Aqui em Lilanda, o número de casos tem sido muito reduzido devido a um projecto de abastecimento de água que o Governo do Japão desenvolveu nesta área em parceria com o Governo da Zâmbia. Este projecto proporciona água potável a toda esta área da cidade, abrangendo uma população de mais de 100 mil pessoas.
As zonas mais afectadas pela cólera (e por outras doenças como a sida, tuberculose, etc.) são as zonas pobres da cidade; estas zonas são normalmente abandonadas pelos políticos que só aparecem em tempo de eleições. Talvez um dia o Governo se dê conta que estes são também cidadãos da Zâmbia.
Horácio Rossas (Missionário Comboniano, em Lusaka, na Zâmbia)
19 de Abril de 2010
Centros Provisórios de Tratamento
Neste momento, a preocupação dos Médicos Sem Fronteiras é conter a doença. Para isso criaram três centros de tratamento de cólera (CTC) em Matero, Chawama e Kanyama. O número de casos é, de facto, alarmante. Em colaboração com o Ministério da Saúde da Zâmbia, os Médicos Sem Fronteiras trataram já 4.020 doentes desde o dia 4 de Março.
Nestes centros montaram um número elevado de tendas provisórias para facilitar o internamento e tratamento dos casos que chegam diariamente. “Na semana passada”, diz o mesmo comunicado, “assistimos ao ponto mais alto deste surto com mais de 1.054 internamentos”. Por isso, há agora alguma esperança de que o número de casos comece a diminuir.
Na semana passada fui visitar um desses CTC em Matero, uma vez que é o centro que serve a zona de Lilanda onde me encontro. Uma das responsáveis pelo CTC de Matero disse-me que não estão autorizados a falar nem a deixar ninguém visitar o centro. Depois de conversarmos um pouco, deixou-me fotografar as tendas. Certamente nos dá uma ideia das dimensões da situação e do secretismo que se criou à sua volta.
Necessidade de Água Potável e Instalações Sanitárias
A propagação da cólera tem a ver com a qualidade da água e dos esgotos. Por isso, os Médicos Sem Fronteiras estão a fazer um grande esforço para fazer chegar água potável às populações das áreas mais pobres da cidade.
Quando falamos de cólera na Zâmbia, não falamos nada de novo, pois ela é endémica. A situação repete-se ano após ano durante a estação da chuva. Aqui em Lilanda, o número de casos tem sido muito reduzido devido a um projecto de abastecimento de água que o Governo do Japão desenvolveu nesta área em parceria com o Governo da Zâmbia. Este projecto proporciona água potável a toda esta área da cidade, abrangendo uma população de mais de 100 mil pessoas.
As zonas mais afectadas pela cólera (e por outras doenças como a sida, tuberculose, etc.) são as zonas pobres da cidade; estas zonas são normalmente abandonadas pelos políticos que só aparecem em tempo de eleições. Talvez um dia o Governo se dê conta que estes são também cidadãos da Zâmbia.
Horácio Rossas (Missionário Comboniano, em Lusaka, na Zâmbia)
19 de Abril de 2010
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