quinta-feira, 30 de setembro de 2010

Populações pobres: “grandes demais para que fracassem”


O Porta-voz do Vaticano analisa a Cimeira sobre Objetivos de Desenvolvimento do Milénio


CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 27 de Setembro de 2010 (ZENIT.org) - Se durante a recente crise, a política se mobilizou para ajudar os bancos, já que eram "grandes demais para que fracassem", com maior empenho terá de fazê-lo a favor dos povos que sofrem fome e pobreza, assegura o porta-voz Vaticano.
O Pe. Federico Lombardi, SJ, diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, fez uma análise do histórico discurso que Bento XVI pronunciou no Westminster Hall de Londres, no dia 17 de Setembro, ao mundo político, social, académico, cultural e empresarial britânico, à luz da recente cimeira da ONU sobre o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento do Milénio.
No Reino Unido, o Pontífice recordou que os governos intervieram de forma massiva e imediata para salvar instituições financeiras muito importantes que estavam à beira do fracasso.
"Considerou-se necessário intervir destinando quantidades enormes - recordava o Papa -, porque estas instituições eram ‘grandes demais para que fracassem' (Too big to fail)."
Sem esta intervenção económica, explicou, "a economia dos países interessados teria sofrido graves danos".
Segundo explica seu porta-voz no último editorial de Octava Dies, semanário do Centro Televisivo Vaticano, o Papa quis dizer que, "se foram capazes de intervir para salvar grandes instituições financeiras, por que não se aplica a mesma coisa quando se trata do desenvolvimento dos povos da terra, da fome e da pobreza?".
"Este, sim, é um verdadeiro objetivo ‘grande demais para que fracasse'!", sublinha o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.
"A partir desta perspectiva - acrescenta -, deve-se enfocar a cimeira de Nova York sobre os Objetivos de Desenvolvimento do Milénio."
"Certamente, haverá diversas avaliações - reconhece Lombardi. A empresa é ciclópica e é um apelo à colaboração, não só do governo, mas também de todas as forças ativas da sociedade, tanto do mundo desenvolvido como do que está em vias de desenvolvimento."
O sacerdote jesuíta recorda que a Igreja, nos diversos lugares do mundo, está comprometida neste campo "à luz de uma perspectiva espiritual e moral, consciente e atenta aos valores fundamentais, bem delineados na encíclica Caritas in veritate".
Como reiterava em Nova York o representante da Santa Sé, cardeal Peter Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, "a pessoa humana deve ser colocada no centro da pesquisa para o desenvolvimento; não deve ser vista como um peso, mas como parte ativa da solução".

terça-feira, 28 de setembro de 2010

ODM: Novo Fôlego até 2015?


No dia 27 de Setembro, num encontro promovido pela Antena AEFJN, em Lisboa, a Dra Mónica Ferro fez a sua avaliação da Cimeira da ONU sobre os ODM. Este texto, é uma síntese escrita que foi publicada na Ecclesia: http://www.agencia.ecclesia.pt/cgi-bin/noticia.pl?id=81685

Em 2000, os chefes de Estado e de Governo da ONU acordaram uma estratégia ambiciosa para até 2015 garantir que todos os povos possam viver em maior liberdade, em dignidade erradicando a pobreza extrema e a fome, melhorando a saúde materna e infantil, combatendo as doenças, empoderando as mulheres, criando um ambiente sustentável e uma parceria mundial para o desenvolvimento. Os 8 Objectivos de Desenvolvimento do Milénio e a sua consecução estiveram, 10 anos depois, em análise em Nova Iorque na Reunião Plenária de Alto Nível da AGONU que decorreu de 20 a 22 de Setembro deste ano.

Nesta reunião, chefes de estado e de governo, líderes de organizações da sociedade civil, fundações e sector privado fizeram um balanço sobre os sucessos e fracassos em matérias de ODM e gizaram um compromisso que visa por em prática um plano de acção que possibilite a realização dos 8 ODM dentro do prazo limite.

“O mundo possui os conhecimentos e os recursos necessários para realizar os ODMs e não o fazer seria um fracasso inaceitável, no plano moral e prático,” alerta Ban Ki-moon.

Os temas centrais desta reunião foram os défices da Ajuda Pública ao Desenvolvimento (e transparência e eficácia da mesma), a melhoraria do enquadramento do comércio internacional, a redução do peso da dívida, o acesso a medicamentos e à tecnologia por parte dos países em desenvolvimento.

O balanço que foi feito mostra-nos um cenário heterogéneo: a redução da pobreza em certas zonas do mundo, o avanço na universalização do ensino primário, o alargamento do número de pessoas que teve acesso a medicamentos anti-retrovirais, as crianças que foram salvas com campanhas de vacinação contra o sarampo e a varíola, o abrandamento do ritmo de desflorestação mundial, o aumento da cobertura das novas tecnologias… Mas também os 1,4 mil milhões de pessoas continuam a subsistir com menos de 1,25 dólares dor dia, os 830 milhões de pessoas que sofrem de fome, os 9 milhões de crianças morrem por ano, na sua maioria de doença preveníveis ou tratáveis, antes de completarem os 5 anos de idade e as 350 mil mulheres morrem todos anos por complicações ligadas com a gravidez e o parto.

O panorama é pior nos países menos avançados, nos estados insulares e nos estados sem litoral, já para não falar nos países em conflito.

Do lado dos doadores, embora em 2010 os fluxos de APD tenham atingido os 120 mil milhões de dólares, o montante mais elevado de sempre, estes continuam aquém da promessa de dedicar 0,7% do seu RNB para a APD, ficando-se por uma média mundial de 0,31%. Os efeitos da crise económica e financeira mundial são usados como discurso de justificação para a contracção dos orçamentos da ajuda.

Da reunião de Nova Iorque saiu uma declaração que reitera os princípios que sempre têm norteado a cooperação em sede de ONU, tais como o da apropriação nacional, do desenvolvimento inclusivo, das parcerias mundiais, mas que tenta ir mais longo prescrevendo uma série de medidas de aceleração e efectiva consecução para cada ODM. Um documento notável pela síntese que é feita e que vale a pena ler.

Ao lado deste documento é de assinalar o lançamento pelo SG da Estratégia Mundial para a Saúde Materna e Infantil: com um investimento de 40 mil milhões de dólares poderemos salvar 16 milhões de vidas até 2015. A estratégia mundial pretende-se um roteiro que identifique as mudanças de políticas necessárias e o seu financiamento e ainda as intervenções susceptíveis de ajudar a melhorar a vida das mulheres e das crianças.

Programas como o Quadro para a Aceleração dos ODM, do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento que pretende criar um meio sistemático de identificar os estrangulamentos e as soluções que permitem responder aos mesmos e ajudar os países a desenvolver os seus próprios planos de acção e que está me fase piloto em 10 países parecem-nos promissores e o tipo de estratégia inteligente e de forte impacto de que nos fala o Documento Final da Cimeira.

Um documento que deve ser lido e complementado com uma perspectiva de direitos humanos inspirada pelos inúmeros tratados assinados – como o defendeu a Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos. Esta perspectiva permitirá colmatar algumas lacunas já identificadas.

O espírito de Nova Iorque traduziu-se, assim, num esforço de se mostrar o quanto foi feito, quantas vidas foram resgatadas a um destino miserável, quanto do planeta foi salvo. Mostrar que as crises fizeram retroceder anos de bons desempenhos e perigar conquistas que eram tidas como seguras. Mostrar que há uma consciência mundial de que o desenvolvimento e a segurança de todos estão tão interligados que não se percebe onde começa um e acaba o outro e, por consequência, onde começa a responsabilidade de um estado e termina a de outro. Mostrar que os números são pessoas, são os povos das Nações Unidas que apenas querem viver em dignidade.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Os ODM, um sinal de esperança - Uma visão a partir da fé cristã


No dia 27 de Setembro, reuniram-se no Seminário do Verbo Divino em Lisboa, cerca de 50 pessoas para participarem num encontro de avaliação da Cimeira da ONU sobre os ODM. O responsável da Antena Fé e Justiça Europa-África em Portugal, fez a seguinte reflexão.

Reunimo-nos para avaliar a Cimeira da ONU sobre o andamento dos ODM, em Nova Iorque, de 20-22 Setembro de 2010. A primeira reacção poderia ser o que temos nós, sociedade civil e Igreja, a ver com isto? É um assunto político, eles que se entendam; ou o mundo sempre foi assim, uns mais pobres e outros mais ricos, uns mais desenvolvidos, outros menos. Nós também estamos em crise e em Portugal também há muitos pobres e desempregados, cada um que cuide de si. Os países pobres estão na situação em que estão porque não trabalham e têm governos corruptos, por isso, não adianta ajuda-los.
Temos mil e um argumentos para nos abstrairmos dos problemas dos outros e dos assuntos políticos, no entanto, a Fé no Deus em quem acreditamos não nos deixa ficar indiferentes. Exige que nos interessemos pela sorte de toda a humanidade e de toda a criação. Nada do que acontece no mundo nos deve ser alheio e indiferente. Estamos todos agrafados na mesma história, na mesma sorte e no mesmo destino.
O facto das Nações Unidas se terem comprometido com oito metas concretas de desenvolvimento global até 2015 é um sinal de esperança. Há pelo menos a preocupação pela sorte do outro. A indiferença e o egocentrismo foram vencidos pela solidariedade e entreajuda.
Como cristão, destaco, entre muitos, três textos bíblicos que me motivam a apoiar iniciativas deste tipo: Gn 4,9; 1Cor 11,33; Jo 15,12.

1. “O Senhor disse a Caim: «Onde está o teu irmão Abel?» Caim respondeu: «Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?» (Gn 4,9)
O Papa Bento XVI recordou que a actualidade profética da mensagem de Fátima está na dimensão solidária e reparadora da Mensagem de Maria: preocupar-se com os pecadores e sacrificar-se por eles. Fazer da nossa vida a urgência da caridade e a salvação de todos.
Vivemos num mundo globalizado, onde tudo parece uma aldeia na hora da curiosidade informativa: gostamos de saber todas as novidades e desgraças que vão acontecendo no mundo. Seguimos a guerra em directo, o drama dos mineiros chilenos hora a hora, as tensões no Médio Oriente, os discursos de Obama, as visitas do papa... mas somos capazes de não conhecer o vizinho do apartamento ao lado e desconhecer o drama da pobreza escondida dos vizinhos com que nos cruzamos todos os dias.
A comunicação e a globalização aproxima-nos na curiosidade mas nem sempre nos faz “guardas do nosso irmão”, nem sabemos como ele está, se sente ou vive. Onde está o teu irmão idoso e solitário? Onde está o teu irmão/ã que sofre violência doméstica ou é abusado por aqueles que o deviam proteger? Onde está o teu irmão migrante ou refugiado que procura acolhimento digno? Onde está o teu irmão que morre de forme ou por falta de cuidados mínimos de saúde? Onde está o teu irmão que nem sequer teve direito a nascer? Onde está o teu irmão neste mundo globalizado na curiosidade mas nem sempre na solidariedade e fraternidade?
É Deus que pergunta a Caim e pergunta a cada um de nós: Onde está o teu irmão? O desinteresse e a omissão pela sorte do outro podem ser assassinas. Somos de facto guardas dos nossos irmãos e da integridade da criação.

2. “Por isso, meus irmãos, quando vos reunirdes para comer, esperai uns pelos outros.” (1Cor 11,33)
“Esperai uns pelos outros”. Esta frase de S. Paulo sempre me tem interpelado, pois vivemos num mundo a ritmos diferentes. Há uns que estão mais desenvolvidos tecnologicamente, outros menos; há os que têm tempo para tudo, outros que não têm tempo para nada; Há uns que vivem em conflito, outros que vivem em paz; uns que têm recursos naturais, outros que têm recursos humanos e intelectuais; uns que valorizam mais a comunidade, outros o individuo; uns mais pobres e outros mais ricos... Mas todos somos cidadãos do mesmo Planeta terra, todos navegamos no mesmo barco. Não adianta celebrarmos a Eucaristia, pão partido por todos e para todos, se não formos capazes de esperar uns pelos outros e apoiarmos os que vão na cauda do grupo. O egoísmo míope não tem lugar à volta da Mesa do Senhor. A “fracção do Pão” só é abençoada pelo Espírito quando se faz sacramentalmente dentro e fraternamente fora.
O livre mercado, entregue a si mesmo é idolátrico. Só quando colocamos no centro o bem da pessoa toda e de todos é que podemos sentar-nos todos à mesma mesa sagrada da fraternidade eucarística. Por isso, a ajuda ao desenvolvimento é fundamental, mesmo quando, como agora, estamos de corda ao pescoço devido à subida do deficit. As pessoas e os países mais ricos devem esperar pelas pessoas, grupos e países mais pobres. A Eucaristia deve ser a expressão e o alimento de fraternidade solidária e não a sacralização das desigualdades instaladas e procuradas.

3. “É este o meu mandamento: que vos ameis uns aos outros como Eu vos amei.” (Jo 15,12).
Por fim, o mandamento novo do amor. Saber onde está e como está o meu irmão, esperar por ele, deve brotar dum amor sincero e gratuito e não dum sentimento de quem dá esmola a um coitadinho. Amar não é criar dependências nem humilhar o nosso irmão. Amar é elevar, restabelecer a dignidade, ajudar a levantar, procurar as causas e impedir a perpetuação dos atrasos no desenvolvimento. Amar a terra é promover a ecologia e denunciar as práticas destruidoras do ambiente e da biodiversidade. Amar os mais desfavorecidos é criar condições de sustentabilidade no desenvolvimento e igualdade de oportunidades.
É importante exigir os 07% de apoio ao desenvolvimento aos países menos desenvolvidos, ajudar em catástrofes e emergências, mas é também fundamental promover relações comerciais e políticas mais justas e transparentes.
É desta forma que a AEFN procura trabalhar. Influenciando as políticas nas relações comerciais entre a Europa e África, para que a dependência e o subdesenvolvimento não se perpetuem, e o desenvolvimento e a dignidade dos povos africanos se possa afirmar como um hino ao Criador que a todos ama como filhos.

Lisboa, 27/09/2010

José Augusto Duarte Leitão, svd
Responsável pela Antena AEFJN Portugal

terça-feira, 21 de setembro de 2010

Cardeal Turkson denuncia obstáculos ao desenvolvimento


Na cimeira de Nova York sobre os objetivos do Milénio

NOVA YORK, terça-feira, 21 de Setembro de 2010 (ZENIT.org) - O cardeal Turkson, em nome da Santa Sé, denunciou diante da cimeira da ONU, que é realizada em Nova York de 20 a 22 de Setembro sobre os Objetivos do Milénio, os obstáculos que se opõem ao desenvolvimento.

O cardeal Peter K.A. Turkson, presidente do Conselho Pontifício Justiça e Paz, representa a delegação da Santa Sé nesta cimeira na qual participam cerca de 140 chefes de Estado e de Governo reunidos para impulsionar a luta contra a pobreza, fome e doenças.
O purpurado africano, originário de Gana, enumerou, entre os "obstáculos ao desenvolvimento", a "conduta incorreta e irresponsabilidade da maior parte dos agentes financeiros", o "nacionalismo excessivo e os interesses corporativos", as "velhas e novas ideologias", a instigação "a guerras e conflitos", "o tráfico ilegal de pessoas, drogas e matérias-primas relacionadas a situações de guerra e pobreza extrema, e a falta de escrúpulos de alguns agentes económicos e sociais das regiões mais desenvolvidas".
Ao mesmo tempo em que destacou os progressos no alcance de alguns objetivos do Milénio, indicou também o caminho que falta por percorrer, sobretudo nos países da África Subsaariana.
O representante da Santa Sé exortou a "continuar reforçando a mobilização política, mediante uma constante solidariedade económica e financeira, para garantir a disponibilidade dos recursos".
Destacou que os países desenvolvidos e as economias emergentes "deveriam manter abertos seus mercados" para "ajudar os países pobres a crescerem até a independência económica, necessária para o desenvolvimento socioeconómico".
Segundo ele, todos os governos, tanto desenvolvidos como em vias de desenvolvimento, devem aceitar sua responsabilidade na luta contra a corrupção.
Citando a encíclica de Bento XVI Caritas in Veritate, o cardeal Turkson destacou que a abertura à vida é um rico recurso social e económico e o controle dos "impulsos hedonistas" é o ponto de partida para construir uma sociedade harmónica. E também a condição essencial para um desenvolvimento económico sustentável.
Neste sentido, sobre o tão debatido assunto da saúde materna, o representante da Santa Sé convidou os países participantes a "proporcionarem recursos de qualidade para atender as necessidades de saúde de mães e filhos, inclusive dos não-nascidos".
Fez referência a pontos de controvérsia do Documento Final, como a "saúde sexual e reprodutiva" e a "planificação familiar", que geram em sua delegação "profunda preocupação" sobretudo se incluírem o acesso ao aborto e métodos de planificação familiar que não estão de acordo com a lei natural.
Recordou que, em sua última encíclica, o Papa explicou que o verdadeiro desenvolvimento põe o ponto central na caridade, porque "as causas do subdesenvolvimento não são em primeiro lugar de ordem material" e só a busca de um novo humanismo capacitará o homem contemporâneo para encontrar novamente a si próprio.
Também que, na luta contra a pobreza, a pessoa humana deve ser situada no centro da preocupação pelo desenvolvimento.
"Se os direitos e liberdades políticas, religiosas e económicas de cada um forem respeitados, mudaremos o paradigma: de simplesmente procurar administrar a pobreza a criar riqueza; de ver a pessoa como um peso a vê-la como parte da solução", concluiu o cardeal Turkson.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Convite


Encontro de avaliação da Cimeira da ONU
sobre o futuro de ODM 2015
27 de Setembro de 2010, 15 h
Seminário do Verbo Divino




AVALIAÇÃO
Prof. Mónica Ferro, Inst. Superior de Ciências Sociais e Políticas

PAINEL E DEBATE
D. Januário Torgal Ferreira, Bispo das Forças Armadas e membro da Comissão Episcopal da Pastoral Social
Dr. Eugénio Fonseca, Caritas Portuguesa



Rua S. Tomás de Aquino, 15 1600-203 Lisboa
(Carris: nº 701 e 738 e Metro Laranjeiras ou Cidade Universitária (10 minutos a pé)


Inscrição gratuita para aefjnportugal@gmail.com





Antena AEFJN Portugal; Comissão Episcopal da Pastoral Social; Comissão Nacional de Justiça e Paz, CIRP-JPIC, Caritas Portuguesa, Desafio Miqueias

Cimeira da ONU sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio


Dirigentes mundiais reunem-se em Nova Iorque, de 20 a 22 de Setembro,
para promover avanços na luta contra a pobreza


Nao podemos desiludir os milhares de milhões de pessoas que esperam que a comunidade internacional cumpra a promessa da Declaração do Milénio por um mundo melhor”.
- Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidas

O QUÊ
Quando faltam apenas cinco anos para 2015, o prazo fixado para a realização dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM), a Cimeira – designada oficialmente Reunião Plenária de Alto Nível da Assembleia Geral – reunirá os dirigentes mundiais para avaliar os avanços, identificar os atrasos e assumir o compromisso de lançar um plano de acção concreto para realizar os ODM e os objectivos de desenvolvimento acordados a nível internacional. Também se espera que os responsáveis da sociedade civil, de fundações e de empresas anunciem novas iniciativas destinadas a acelerar os progressos. Além das declarações dos dirigentes mundiais e de mesas-redondas sobre temas cruciais, deverão ter lugar vários eventos paralelos de alto nível, centrados em iniciativas concretas.

PORQUÊ
Há dez anos, na Cimeira do Milénio de Setembro de 2000, a comunidade internacional uniu-se em torno de um esforço de quinze anos para lutar contra a pobreza, a fome e as doenças. Alguns países alcançaram êxitos importantes em matéria de redução da pobreza, da melhoria da escolarização e da saúde das crianças, do alargamento do acesso à água limpa e da luta contra a malária, a tuberculose e a SIDA, mas os progressos foram desiguais e, sem esforços adicionais, é provável que inúmeros países não alcancem vários ODM.

QUEM
Os Chefes de Estado e de Governo, aos quais se juntarão os líderes de grupos de defensores dos direitos dos cidadãos, fundações e sector privado. Serão proferidos discursos de abertura por Ban Ki-moon, Secretário-Geral da ONU, e pelos Presidentes Ali Abdussalam Treki (da Líbia, Presidente da 64ª. Sessão) e Joseph Deiss (da Suíça, Presidente designado da 65ª. Sessão).

QUANDO
De 20 a 22 de Setembro, imediatamente antes do debate anual de alto nível da Assembleia Geral da ONU.

ONDE
Sede das Nações Unidas em Nova Iorque

Calendário – Alguns relatórios e eventos, de interesse para os meios de comunicação social:
4 de Março – O Presidente da Assembleia Geral inicia as consultas junto dos governos para preparar a Cimeira sobre os ODM. Os Representantes Permanentes da Dinamarca e do Senegal actuarão como facilitadores das deliberações, tendo em vista um plano de acção concreto a adoptar na Cimeira.
16 de Março – O Secretário-Geral apresenta aos governos e aos meios de comunicação social o seu relatório exaustivo sobre a Cimeira, intitulado Keeping the Promise*. O relatório analisa os avanços e os atrasos, as lições aprendidas e as recomendações sobre a adopção de medidas concretas (O Statistical Annex ao relatório do Secretário-Geral estará disponível em Abril).
Abril – Publicação, pelo Banco Mundial, dos World Development Indicators e do Global Monitoring Report, que se centram nos progressos e recomendações de políticas sobre os ODM, em conjugação com as reuniões organizadas pelo Banco Mundial em Washington, DC.
Abril-Junho – Serão publicados cerca de 30 relatórios nacionais sobre os ODM, em cooperação com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). Em Junho, um relatório de síntese analisará as lições aprendidas.
7-9 de Junho – A conferência internacional Women Deliver incidirá sobre a saúde reprodutiva e materna, o objectivo em relação ao qual se registaram menores avanços (Washington, DC). Na mesma altura, Countdown to 2015 – uma iniciativa em participam a OMS, a UNICEF, o UNFPA, o Banco Mundial e outros – lançará um relatório para acompanhar os progressos no domínio da saúde infantil e materna (ODM 4 e 5).
14-15 de Junho - A Assembleia Geral organizará, durante dois dias, audiências interactivas informais com ONG, a sociedade civil e o sector privado, no quadro dos preparativos para a Cimeira sobre os ODM.
Fim de Junho – O Millennum Development Goals Report 2010* divulgará os progressos mais recentes com base em dados estatísticos fornecidos por mais de 20 organismos da ONU e internacionais, sobre cada Objectivo, a nível internacional e por região.
Além disso, o PNUD preparará uma avaliação internacional do que é necessário para alcançar os ODM, para a Cimeira do G8, e a Campanha do Milénio e o Overseas Development Instituto publicarão uma ficha de avaliação de progressos no domínio dos ODM, por país.
24-25 de Junho – A Cimeira dos Dirigentes do Pacto Mundial (UN Global Compact Leaders Summit) reunirá os executivos de empresas em Nova Iorque, para avaliar como o sector privado pode contribuir para a realização dos ODM.
28 de Junho – 2 de Julho - Os ministros dos governos reunir-se-ão no Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC) para analisar como avançar no domínio da igualdade de género e do empoderamento das mulheres (Objectivo 3) e avaliar como melhorar a cooperação e a ajuda ao desenvolvimento.
Meados de Setembro – O Report on the MDG Gap Task Force* (Relatório sobre os Atrasos na Realização dos ODM) apresentará os seus dados e recomendações sobre o cumprimento dos compromissos internacionais em matéria de ajuda, comércio, redução da dívida e outros elementos da parceria para o desenvolvimento pedida no oitavo Objectivo de Desenvolvimento do Milénio. A UNICEF lançará o seu relatório anual Progress for Children, que dará ênfase aos ODM.
17-19 de Setembro – Ampla mobilização da sociedade civil, nomeadamente através da iniciativa “Levanta-te e Actua contra a Pobreza”.
* indica os relatórios oficiais destinados à Reunião Plenária de Alto Nível da Assembleia Geral sobre os ODM.
Para obter uma lista de contactos da equipa de comunicação do sistema da ONU. um calendário minucioso e mais informações, consulte o sítio Web www.un.org/millenniumgoals
Departamento de Informação Pública da ONU:
Martina Donlon, + 1 212 963 6816, donlon@un.org
Pragati Pascale, + 1 212 963 6870, pascale@un.org
Lyndon Haviland, + 1 860 575 7691, haviland@un.org
Para os meios de comunicação social – não é um documento oficial
Publicado pelo Departamento de Informação Pública da ONU a 10/03/2010
http://www.unric.org/pt/actualidade/27911-cimeira-da-onu-sobre-os-objectivos-de-desenvolvimento-do-milenio

sábado, 4 de setembro de 2010

Petição Contra a Pobreza e pelos ODM (Urgente)


No Dia Internacional da Solidariedade, reflectimos sobre a importância dos pequenos passos que podemos tomar para mudar o mundo! Lançamos uma petição para pedir aos nossos governantes que na reunião das Nações Unidas liderem um forte ataque para que se cumpram os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio!

http://www.peticaopublica.com/?pi=Pobreza0

Temos até 20 de Setembro para Sensibilizar o Governo Português para que seja líder e assuma de vez os seus compromissos na Assembleia das Nações Unidas sobre os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio.

Precisamos da tua cumplicidade!

Subscreve a petição e divulga-a pelos teus contactos.

Obrigado,


--
Bruno G. M. Neto
Coordenador de Programa
Pobreza Zero - GCAP Portugal
* * * * *
Rua Visconde Moreira de Rey, n.º 37
2790-447 Queijas
Phone (direct): 00351 218823638

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

101 dias de oração pela paz no Sudão


Para preparar o referendo de 9 de Janeiro sobre a divisão do país

RUMBEK, terça-feira, 17 de agosto de 2010 (ZENIT.org) – A diocese católica sudanesa de Rumbek, no sul do país, realiza uma série de iniciativas pela paz – os chamados "101 dias de oração pela paz" – antes do referendo do próximo 9 de Janeiro, em que se decidirá sobre a independência do sul do Sudão.
Segundo informa a agência africana CISA, esta iniciativa de oração tem como objectivo “unir as diferentes comunidades do sul do Sudão para rezar por um referendo justo, limpo e pacífico”, em consonância com a mensagem dos bispos do Sudão do último dia 22 de Julho.

Naquela ocasião, após uma reunião em Juba, capital administrativa da região autónoma do sul, os bispos convidaram todo o país a um forte compromisso para que o processo de consulta possa-se realizar de “forma transparente e frutífera”, para contribuir ao bem comum do país.

Entre actos a se celebrarem, destaca-se uma Eucaristia pela Paz, a 19 de Setembro, e um Rosário Mútuo a 7 de Outubro. Outros momentos de destaque serão a festa de Cristo Rei, a 21 de Novembro, uma jornada de adoração e jejum a 3 de Dezembro e o Dia Mundial da Paz (1º de janeiro).

Esta iniciativa responde ao apelo dos bispos aos católicos sudaneses para estarem constantemente presentes “no trabalho de construção da paz e de reconciliação, em colaboração com as outras partes e juntamente com a Doutrina Social da Igreja”.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Referendo no Sudão: possíveis cenários


Ashworth (DHPI): “Com a secessão, a vida da Igreja do Norte será mais difícil"
Por Mariaelena Finessi

ROMA, terça-feira, 17 de Agosto de 2010 (ZENIT.org) - Os bispos católicos do Sudão reuniram-se em Juba, de 15 a 22 de Julho, numa sessão plenária extraordinária, para reflectir sobre o próximo referendo previsto para o dia 9 de Janeiro de 2011.
No final desta reunião, os prelados divulgaram uma mensagem de "esperança e um convite à acção". A mensagem dirigi-se aos líderes sudaneses e "às pessoas de boa vontade".
Na redacção do documento, os bispos foram ajudados pelo Denis Hurley Peace Institute, nascido do Departamento "Justiça e Paz" da Conferência Episcopal da África do Sul, cuja missão é auxiliar na formação de líderes católicos com capacidade de actuar também nos processos de paz de outros países africanos.
No Sudão, maior Estado do continente africano, as igrejas, não somente a católica, começaram a desenvolver cursos e seminários para garantir à população do Sul toda a informação sobre o referendo.
"Este é um momento histórico - afirmam os bispos na sua mensagem. O Sudão já não voltará a ser o mesmo. Depois de séculos de opressão e exploração, após décadas de guerra e de violência (...), agora, cinco anos depois do Comprehensive Peace Agreement (CPA), chegou o momento de nos movermos e nos prepararmos para a mudança."
O CPA foi aprovado pelo Norte e pelo Sul do Sudão depois de um sangrento conflito sobre a pertença étnica, a religião e o acesso aos recursos naturais, entre eles o ouro, o algodão e o petróleo. O acordo possibilita aos povos do Sul o direito de escolher se vão continuar a fazer parte de um Sudão unido ou se optam pela independência.
John Ashworth, actual presidente do Denis Hurley Peace Institute, explica nesta entrevista à

ZENIT a actual situação política, social e religiosa do país e os possíveis cenários depois do referendo.
ZENIT: Poderia explicar-nos em que consiste o Comprehensive Peace Agreement (CPA)?
John Ashworth: Na verdade, trata-se de um documento de forma alguma "compreensivo", porque trata apenas dum dos conflitos no Sudão (por exemplo, não aborda a questão de Darfur). Afecta somente duas das partes em guerra, excluindo todos os demais partidos políticos e as facções militares, assim como a própria sociedade civil. Não é nem sequer um documento que fala da "paz"; é simplesmente um cessar-fogo que prevê um roteiro que deveria conduzir à paz.
Naturalmente, fazendo passar o conflito do nível militar ao político, deu-se um grande passo adiante, mas com todo o conflito. Finalmente, nem sequer se pode falar de um "acordo": foi assinado em 2005 por Cartum somente após uma intensa pressão diplomática. Em outros termos, os sudaneses do sul concebem o CPA quase exclusivamente como uma preparação para o referendo de 2011.
ZENIT: Qual é a situação religiosa no Sudão?
John Ashworth: No dia a dia, cristãos, muçulmanos e seguidores de religiões tradicionais africanas vivem uns ao lado dos outros sem problemas. Contudo, o governo do Sudão é um regime islâmico, ou melhor, é uma ditadura militar (recentemente "legitimada" por eleições que, para a maior parte das pessoas, não foram livres e justas), e os sucessivos governos do Norte começaram uma política de islamização que prejudicou os não-muçulmanos.
Todos os dados estatísticos no Sudão são suspeitos, mas a divisão religiosa é provavelmente esta: 60% muçulmanos, 40% não-muçulmanos. Os seguidores da religião tradicional africana são ainda uma minoria consistente entre os não-muçulmanos. Entre os cristãos, os católicos, anglicanos (Igreja Episcopal) e os presbiterianos são os 3 maiores grupos, com uma série de pequenas igrejas evangélicas independentes e algumas igrejas orientais que, todas juntas, sempre trabalharam bem. A Igreja Católica é, além disso, um dos membros fundadores do Conselho das Igrejas do Sudão.
ZENIT: Unidade ou secessão: que significado tem para as pessoas e para os políticos? Um referendo pode resolver os problemas humanitários e económicos do país?
John Ashworth: As causas profundas dos conflitos no Sudão geralmente são consideradas identitárias e ligadas à dinâmica centro-periferia. O Sudão é uma sociedade multicultural, multiétnica, multilingue e multirreligiosa, mas, na prática, uma só identidade, a árabe-islâmica, foi imposta a todos, tentando assimilar os demais e torná-los ao mesmo tempo cidadãos de segunda classe. Isso foi feito por todos os governos do Norte, não só pelo actual regime islâmico.
O Governo do Sudão, incluindo o acesso ao poder e aos recursos, está, no entanto, fortemente centralizado, sendo as áreas periféricas marginalizadas. Além disso, o petróleo converteu-se num factor importante nos conflitos, ainda que não seja uma de suas causas primárias. Estes problemas nunca foram resolvidos por um Sudão unido, e é por isso que o povo do Sul considera que a única solução é a secessão.
Em um Estado próprio independente, o Sul não deverá enfrentar a islamização e a arabização, nem a marginalização do poder, e terá a maior parte do petróleo em seu próprio território. Na verdade, porém, o Sul já está funcionando como um verdadeiro e autêntico Estado, de maneira que a secessão não suporia uma mudança importante. Espera-se que os progressos continuem e que algumas fraquezas do governo possam ser discutidas. As igrejas estão preparando um programa de diálogo, para que ajude também nisso.
Com relação ao Norte, este depende do petróleo do Sul, mas é provável que se possa negociar uma solução conciliadora que lhes permitir continuar a receber provisões dos recursos petrolíferos. Por outro lado, o Sul precisa do gasoduto do Norte para exportar seu petróleo e não quer um vizinho instável e o falido. Como esquecer o conflito do Darfur? Este conflito está destinado a continuar, visto que ainda não há soluções em discussão.
Finalmente, se acontecer a secessão, a vida será provavelmente mais difícil para a Igreja no Norte, pois esta continuará vivendo, ainda que já esteja acostumada, sob um regime islâmico opressor.
ZENIT: As igrejas da África estão a mobilizar-se para que o Sul não se desentenda do referendo. O que espera a conferência episcopal do Sudão? Você se consideraria neutro diante do resultado das urnas?
John Ashworth: Como Igreja, os bispos se atêm à sua última declaração, com a qual analisam a situação do país, explicando alguns dos prós e contras que comportariam inevitavelmente tanto o voto pela unidade como o voto pela secessão; então, exortam as pessoas a escolher seu destino. Como cidadãos particulares, no entanto, cada bispo tem sua própria opinião e já sabe como votará nesse dia.