sexta-feira, 29 de maio de 2009

1 de Junho - Dia Internacional da Criança


Crise económica empurra milhões de crianças para a exploração laboral e sexual
Com a diminuição da procura na Europa e na América do Norte e a consequente redução das importações provenientes da Ásia, devido à desaceleração da economia, as empresas locais em países como o Cambodja, Tailândia e Índia são forçadas a despedimentos sem aviso prévio obrigando as famílias pobres a recorrer às crianças como fonte de rendimento alternativo.
A organização não governamental World Vision lançou um alerta sobre os efeitos perversos da crise económica. De acordo com os dados desta agência de ajuda humanitária e desenvolvimento, a pobreza extrema conduz as pessoas para situações de total desespero. Muitas famílias são forçadas a vender ou alugar os filhos para pagar dívidas ou para garantir a alimentação do restante agregado familiar.
No Cambodja 72 por cento das crianças que estão nas fábricas de tijolos são obrigadas a trabalhar porque os pais não têm recursos financeiros para pagar comida e 22 por cento permanecem em regime de exploração laboral infantil para garantir que as famílias paguem as dívidas.
Em Phuket, na Tailândia, verificou-se um crescimento dramático do fluxo migratório de crianças de zonas rurais para trabalharem em bares e clubes nocturnos locais alimentando o turismo sexual.
Nas pedreiras da Costa Leste da Índia, crianças trabalham em regime de escravatura mais de 16 horas por dia e sob temperaturas a rondar os 40 graus.
Em todo o mundo 126 milhões de crianças trabalham em condições de risco permanente e anualmente 1,2 milhões são vítimas de exploração e comércio. A exploração sexual constituiu a forma mais comum de tráfico humano, seguida pelo trabalho infantil e pelo recrutamento de crianças soldados. São crianças que crescem sem terem um brinquedo, sem usufruírem de cuidados médicos e sem nunca entrarem numa escola. O seu destino é serem pobres para o resto da vida.
Muitas vezes a angariação de crianças é feita sob o pretexto de uma vida melhor e um emprego permanente nas cidades garantindo uma renda mensal às famílias pobres das zonas rurais. Quando os pais descobrem que os filhos estão em regime de cativeiro são obrigados a pagar uma verba inimaginável para efectuarem o resgate dos filhos.
O aumento do trabalho infantil está a reduzir os salários em algumas zonas do globo. As crianças recebem em média menos 20 por cento do que um operário adulto que efectua a mesma tarefa. O trabalho infantil gera pobreza e a pobreza fomenta o trabalho infantil. Esta situação cria uma espiral descendente de pobreza. Para quebrar o ciclo é necessário inverter valores e apostar na educação, em mudanças legislativas nacionais e em organismos de supervisão internacional que garantam os direitos fundamentais das crianças e alternativas à insuficiência de rendimento das comunidades socialmente excluídas, como o recurso ao microcrédito e outras ferramentas que permitam a autonomização das famílias.
100 anos depois da abolição da escravatura o tráfico humano continua a ser uma prática recorrente nos países mais pobres do planeta. A ONG Christian Aid envia regularmente emissários aos mercados de escravos no Sudão e no Gana para negociar pessoas e restituir‑lhes a liberdade.
Nos últimos meses assistimos a um retrocesso nos Objectivo de Desenvolvimento do Milénio. A crise petrolífera e a crise alimentar lançaram 153 milhões de pessoas no fosso da pobreza extrema. A crise económica, para lá de fazer disparar o desemprego, empurrou mais 100 milhões de pessoas para condições de miséria humana.
A crise económica não pode ser o pretexto para os Estados-membros das Nações Unidas esquecerem os compromissos assumidos em Setembro de 2000 quando assinaram a Declaração do Milénio e prometeram reduzir para metade a pobreza extrema e a fome até 2015.Numa altura em que se aproximam eleições europeias está na nossa mão exigir que os políticos que são eleitos com o nosso voto cumpram as promessas públicas de introduzir políticas que promovam a justiça social e a protecção das comunidades mais vulneráveis.
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João Pedro Martins
Coordenador Nacional
Desafio MIQUEIAS - MICAH Challenge Portugal
Sítio web: http://www.desafiomiqueias.com/
E-mail: desafio.miqueias@gmail.com

domingo, 24 de maio de 2009

Dia de África: 25 de Maio


Pobreza afecta 400 milhões de africanos
Por Nieves San Martín

MADRID, domingo, 24 de Maio de 2009 (ZENIT.org).- A pobreza já afecta cerca de 400 milhões de africanos, denuncia um comunicado publicado pela organização católica de ajuda ao desenvolvimento Mãos Unidas, por ocasião da próxima celebração do Dia da África.
No próximo dia 25 de Maio se comemora o Dia da África, que recorda a criação, em 1963, em Addis Abeba (Etiópia), da Organização para a Unidade Africana (OUA), substituída em 2002 pela União Africana (UA).
Os graves problemas que atingem a África, terceiro continente do mundo em extensão, traduzem-se – denuncia Mãos Unidas – “em um altíssimo índice de pobreza que já afeta cerca de 400 milhões de pessoas”.
Não é em vão que, dos 177 países estudados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), os 24 com o índice de desenvolvimento humano mais baixos são os africanos.
Além disso, como se fosse pouco, a crise financeira atual está minando as conquistas e avanços obtidos na África durante os últimos anos.
A taxa média de crescimento anual havia aumentado de 3,7% em 1996, a 6,3% em 2007, enquanto a inflação baixou de 18,8% a 8,2% durante o mesmo período.
No entanto, agora a demanda de produtos base da economia africana (diamantes,café etc.) está baixando, o que implica no aumento do desemprego e em uma considerável diminuição dos ingressos por remessas.
Por outro lado, os países desenvolvidos, em seu afã de reduzir custos, diminuem a ajuda oficial para o desenvolvimento ao invés de cumprir a promessa feita de duplicar a ajuda à África para 2010.
Para muitos países africanos, tal ajuda supõe 40% do seu orçamento anual e sua diminuição implica na redução do investimento em serviços sociais imprescindíveis para romper a espiral da pobreza (fome, maior risco de doença, menor capacidade de rendimento, menos ingressos, menores gastos em nutrição, educação e saúde, maior situação de fome).
Tudo isso não impede que Mãos Unidas contemple a África “com esperança, uma esperança que se apoia na juventude da população do continente (em 2007, os menores de 18 anos eram 384 milhões).
E isso se reflete nos quase 1.000 projetos que forma apoiados em 50 campanhas, que tiveram como beneficiários diretos as crianças e os jovens.
Além disso, conclui Mãos Unidas, é também motivo de esperança “o surgimento de grandes figuras do mundo das artes, letras, esporte e política, que, pouco a pouco, vão situando seus países nos lugares nos quais, por direito, lhes corresponde estar”.

Presidente comissão da UA lamenta que paz e segurança ainda sejam maiores preocupações em África
24 de Maio de 2009, 19:01
Luanda, 24 Mai (Lusa) - O Presidente da Comissão Executiva da União Africana, Jean Ping, lamentou hoje, em Luanda, que passados os nove primeiros anos do século XXI, o continente africano ainda tenha na paz e na segurança as maiores preocupações.
O gabonês Jean Ping, que se encontra em Angola no quadro das comemorações do Dia de África, 25 de Maio, lembrou hoje, no encerramento da 6ª Conferência do Comité de Inteligência e Segurança de África (CISSA), que os Estados africanos, nesta fase da sua história, ainda gastem dois terços dos seus recursos em questões de segurança e paz.
O chefe executivo da UA destacou, na hierarquia dos gastos dos países africanos nesta matéria, a gestão e resolução de conflitos, lembrando que somente um terço dos recursos são destinados a questões como a pesquisa e cooperação.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Eu (co) Mundo nos Dias de Desenvolvimento -2009

Eleições europeias 2009





REDE FÉ E JUSTIÇA
ÁFRICA-EUROPA




ELEIÇÕES DO PARLAMENTO EUROPEU
4 - 7 de Junho de 2009

A nossa visão cristã, as nossas convicções, as nossas perguntas, as nossas preocupações sobre a África









ÍNDICE


O que está em causa…
4
Utilização deste fascículo…
5
Salvaguardar a criação…
6
Viver com dignidade…
8
Promover a solidariedade…
10
Trabalhar pela paz…
12
Notas pessoais…
14
Informações complementares…
15










O que está em causa

Nos dias 4 a 7 de Junho de 2009, os cidadãos dos 27 Estados-Membros da União Europeia (UE) exprimirão a sua visão para a Europa escolhendo um novo Parlamento Europeu (PE). O Parlamento é a única instituição da UE cujos membros são eleitos directamente pelos cidadãos.
Por cinco anos, de 2009 a 2014, os 736[1] Membros do Parlamento Europeu (MEP) tomarão decisões que terão consequências importantes e duradouras, não só para os 500 milhões de pessoas que vivem na UE, mas também para a África e para o mundo inteiro.
Desde as últimas eleições de 2004, o poder do Parlamento Europeu aumentou consideravelmente. O próximo PE terá mais a dizer nas políticas comerciais internacionais, após a ratificação do tratado de Lisboa. Na maior parte dos domínios legislativos comunitários, os textos devem doravante ser aprovados conjuntamente pelo Parlamento e o Conselho. Além disso, o Colégio dos Comissários europeus, que propõe todos os novos textos não pode governar a não ser com o acordo do Parlamento. Ainda mais importante, o Parlamento tem a última palavra sobre o orçamento da UE.
Com a aceleração das mudanças climáticas, o agravamento das crises financeiras e o fosso alarmante entre ricos e pobres, o desafio não pode deixar de ser importante.
Enquanto que o poder do PE tem aumentado, o interesse e a participação nas eleições tem diminuído. Perante os desafios desta eleição, devemos contribuir para inverter esta tendência e fazer de modo que o novo PE contribua para criar uma Europa mais socialmente consciente e desejosa de promover a dignidade humana de todos e a salvaguarda da criação.
Utilização deste fascículo
O Secretariado internacional da AEFJN (Rede Fé e Justiça África-Europa), com sede em Bruxelas, segue cuidadosamente a política europeia ligando-a com certas questões que tocam mais particularmente o futuro socioeconómico da África e das suas populações. Estamos empenhados em ver desenvolver uma política europeia que seja justa, respeitosa dos seus parceiros e que combata a pobreza e a exclusão.

Este fascículo pretende:
- Incentivar os membros das nossas antenas a desempenhar um papel activo durante as eleições dos Membros do PE de Junho de 2009;
- Sublinhar certas esperanças e apreensões relativas ao trabalho deste Parlamento no futuro;
- Mostrar como este Parlamento pode pôr em destaque certas questões importantes para a vida das populações, tanto no seu seio como junto dos seus parceiros africanos;
- Dar ideias de questões a colocar aos candidatos a estas eleições e aos membros dos partidos que apresentam os seus programas;
- Ler com um sentido crítico mais vivo os programas que os candidatos apresentam.

Onde utilizá-lo?
- Em reuniões de antenas, de grupos aos quais pertençamos, de comunidades, em assembleias;
- Nas paróquias, conselhos paroquiais, no vosso bairro;
- Em encontros públicos com os candidatos e/ou nas reuniões de partidos políticos;
- Em cartas enviadas aos candidatos e/ou membros dos partidos;
- Nos meios de comunicação social.
Salvaguardar a criação
A UE, líder em matéria de luta contra o aquecimento climático, deveria também ser líder mundial na escolha decisiva de um conjunto coerente de políticas (comércio, agricultura, energia, cooperação, segurança e migração) que incentivam o desenvolvimento sustentável na exploração dos recursos naturais.

Cremos que as mudanças climáticas têm efeitos diferentes para ricos e para pobres. O Sul sofre já, sem ter os meios científicos e financeiros do Norte, para remediar a situação. Entre os mais vulneráveis, milhões de pequenos agricultores, de pescadores e povos que vivem da floresta vêem já a sua segurança alimentar ameaçada. O movimento para a justiça climática quer defender “o bem comum” e examinar as consequências sociais e económicas desta mudança.

Gostaríamos de saber:
- Ireis apoiar que a UE dê, sem demora, o fundo de ajuda para adaptação aos países menos desenvolvidos, de acordo com o compromisso tomado em Bali?
- Qual seria a parceria entre a EU e África no âmbito da Energia que vos parece mais equitativa?


Cremos que as políticas agrícolas e comerciais europeias devem integrar mais estes três aspectos:
- assegurar a alimentação, o crescimento económico dos países essencialmente rurais, a coesão social e a preservação do ambiente e os recursos naturais,
- respeitar o acesso aos recursos agrícolas essenciais (a terra, a água, as sementes) e à diversidade biológica,
- praticar uma agricultura em luta contra o aquecimento climático.
“A responsabilidade em relação ao ambiente, património comum do género humano, estende-se não somente às exigências do presente, mas também às do futuro. ”
(Compêndio da Doutrina Social da Igreja, ch.10, IV, §467)

Gostaríamos de saber:
- O que ireis fazer para encorajar a UE a orientar-se resolutamente para práticas agrícolas com fracas emissões de metano, óxido de azoto e de carbono e que não acelerem o desflorestamento nem a degradação dos solos tanto na Europa como na África?
- Como a Política Agrícola Comum (PAC) da UE pode respeitar os interesses dos países em desenvolvimento e velar por reduzir a volatilidade dos preços agrícolas e as exportações que ameaçam os países importadores fora da UE?

Acreditamos que a UE deveria comprometer-se com uma política acerca dos organismos geneticamente modificados (OGM) que dê prioridade unicamente à alimentação sã e à biodiversidade e não simplesmente ao proveito económico. Deve pelo menos respeitar o princípio de precaução em relação aos OGM.

Gostaríamos de saber:
- Qual é a vossa convicção: os OGM reduzem a fome no mundo ou aumentam a dependência em relação aos países ricos e enfraquecessem a biodiversidade.

Cremos que a política europeia da energia deve incentivar a diminuição de consumo e a utilização de fontes renováveis que não desviem os recursos agrícolas da produção alimentar. A nova directiva sobre a utilização destas energias é vantajosa para o futuro dos europeus. Paralelamente, a UE deve contribuir para desenvolver para além das suas fronteiras novas tecnologias de energias renováveis que respeitem o direito à alimentação, o acesso à terra e à água, o ambiente e a biodiversidade.

Gostaríamos de saber: ireis respeitar as populações do Sul garantindo a concessão de fundos para a procura de energias renováveis?
Viver com dignidade

O PE é um actor importante na cena política internacional. As suas decisões no regulamento das empresas, no comércio e na agricultura têm consequências também para o bem-estar de populações que vivem para além das suas fronteiras. Pelas suas políticas, influencia o acesso aos recursos e instalações básicas que são essenciais para a dignidade pessoal de cada mulher, homem ou criança da terra.

Cremos que o acesso à água potável e uma rede de distribuição adequada são condições prévias para promover a saúde e assegurar o sucesso na luta contra a pobreza e a fome. Cremos que a Iniciativa Europeia para a Água oferece possibilidades, mas temos consciência de que a política europeia dá demasiado frequentemente prioridade ao lucro sobre as necessidades dos que estão privados do acesso à água. Isto mina a dignidade tanto dos ricos como dos pobres e entrava as perspectivas de uma paz internacional e regional.

Gostaríamos de saber:
- O que acha que UE pode fazer para diminuir substancialmente o número de pessoas sem acesso básico à água?
- Que proposta concreta pensa propor no PE para reduzir esta realidade?
- Está preparado para fomentar um uso mais largo das parcerias “Público-Público” nos domínios dos serviços essenciais como o acesso à água e à saúde? Porque?


Cremos que a UE deve defender a soberania alimentar no seu seio e nos países do Terceiro Mundo através de um conjunto coerente de políticas agrícolas, comerciais e de cooperação. Para combater a fome no mundo, as políticas europeias devem apoiar a sustentabilidade da agricultura familiar e garantir o acesso igual para todos à terra, água, sementes, crédito e rede de mercados.

“Qualquer pessoa tem direito a um nível de vida suficiente para assegurar a sua saúde, o seu bem-estar e os da sua família, nomeadamente a alimentação, o vestuário, o alojamento, os cuidados médicos bem como para os serviços sociais necessários. ”
(Artigo 25.1 Declaração Universal dos Direitos do Homem)

Gostaríamos de saber:
- Como vai defender a sustentabilidade das práticas agrícolas na Política agrícola Comum (PAC) e nas políticas de comércio e da cooperação?
- Como vai apoiar a integração de critérios firmes de direitos sociais e humanos nas políticas (agricultura, comércio e desenvolvimento) que afectam o ambiente?


Cremos que cada indivíduo tem direito a medicamentos básicos de qualidade. A UE deve, por conseguinte, reexaminar certos aspectos da sua política comercial. A UE quer impor, nos seus acordos económicos, os Direitos da Propriedade Intelectual (DPI) que minam os esforços dos países em desenvolvimento para abrir o acesso aos medicamentos de base genéricos. Isto põe a vida de centenas de milhares de pessoas em perigo.
Uma insuficiente coerência nas políticas da UE tem um efeito devastador para a saúde pública nos países em desenvolvimento. Enquanto que a ajuda europeia quer apoiar a saúde pública nestes países, os acordos económicos favorecem os DPI que restringem a produção e o acesso aos medicamentos genéricos.

Gostaríamos de saber:
- O que pretende fazer para impedir que a UE imponha aos países em desenvolvimento os Direitos da Propriedade Intelectual mais alargados do que os que são impostas pela OMC?
- O que considera mais importante: a defesa dos Direitos de Propriedade Intelectual ou o acesso dos países em desenvolvimento aos medicamentos genéricos? Porquê?

Promover a solidariedade
- por meio das relações comerciais

As políticas comerciais da UE influenciam a qualidade de vida das populações tanto na Europa como noutro lugar no mundo. A solidariedade que a UE pretende construir, conciliando eficácia económica com justiça social e igualdade de oportunidades, não deve circunscrever-se às suas fronteiras, mas estender-se a todos e mais particularmente aos países em desenvolvimento.
Actualmente, a situação económica global favorece os ricos do nosso planeta e não os pobres. Para evitar isto, a economia e o comércio devem estar ao serviço de cada ser humano, onde quer que ele viva. As crises actuais mostram a falência de um sistema desprovido de regulamentos, transparência e responsabilidade compartilhada.
A estratégia Global da Europa quer melhorar a competitividade das suas empresas, independentemente do custo suportado pelo desenvolvimento sustentável. A influência crescente das empresas sobre a política incentiva decisões económicas que ignoram os pobres quer sejam da Europa ou de outro lugar.

Cremos que a UE, nas suas políticas comerciais, deve respeitar e promover os direitos humanos, socioeconómicos, democráticos, culturais e ambientais. É necessário, por conseguinte, mais coerência entre a sua política comercial e a do desenvolvimento.

Gostaríamos de saber:
- Como vão assegurar-se de que as políticas comerciais da UE promovem um desenvolvimento sustentável para todos os parceiros económicos e protegem a sua agricultura e a sua indústria?
- O que vão fazer para que a EU, na sua Estratégia Global da Europa que se baseia sobre a competitividade, não ameace as normas sociais, os recursos naturais, a equidade e o desenvolvimento tanto no seu seio como nos países em desenvolvimento?
- No âmbito dos Acordos de Parceria Económico (APE) entre a UE e as quatro regiões da África, concorda em não forçar a África a incluir os serviços, a propriedade intelectual, os investimentos e os contratos governamentais?

“Dever de solidariedade, a ajuda que as nações mais ricos devem prestar aos países em vias de desenvolvimento; dever de justiça social, a correcção das relações comerciais defeituosas entre povos fortes e povos fracos”
(Populorum Progressio, 44)

Cremos num sistema mundial do comércio baseado nos princípios de equidade e de justiça. Até à data, a estrutura e a política da OMC favorecem as nações ricas e expõe os países em desenvolvimento ao risco do crescimento da pobreza, dos conflitos e da degradação ambiental. Cremos que a UE, entre outros, pode e deve ajudar a alterar a política comercial da OMC e transforma-la num instrumento de crescimento socioeconómico dos países em desenvolvimento.

Gostaríamos de saber:
- Que medidas vai propor para transformar a OMC num sistema equitativo para todos os seus membros e especialmente para os mais vulneráveis?
- Como garantirá que a UE não vai forçar a liberalização do comércio nas suas políticas económicas e de desenvolvimento, em detrimento dos países mais pobres?
- Que acção vai tomar para promover critérios humanos e socioeconómicos sólidos nas políticas que asseguram o crescimento dos países em desenvolvimento?

Estamos convictos que as empresas europeias devem actuar no caminho da responsabilidade social. A UE pode tornar-se líder mundial, introduzindo um regulamento legalmente vinculativo para as suas empresas fora das suas fronteiras e envolvendo a ONU nesta regulamentação.

Gostaríamos de saber:
- Concorda em apoiar uma legislação vinculativa que estabeleça as responsabilidades das empresas da UE fora das suas fronteiras?
- Estais dispostos, como membro do PE, a trabalhar por um sistema mundial de governação da ONU que reforce os mecanismos legalmente vinculativos para uma responsabilidade orgânica?

Cremos que é necessário distanciar as instituições da UE (e os seus Estados-Membros) das empresas europeias de modo a que as políticas da UE beneficiem as pessoas comuns na Europa e fora dela.

Gostaríamos de saber:
O que pretende fazer para assegurar que todos os actores tenham igual acesso às instituições da UE e assegurar o equilíbrio nas políticas da UE entre as influências do mundo dos negócios e os interesses do da população?


Trabalhar pela a paz

Em Dezembro de 2008, a UE fez do seu Código de Conduta sobre a Exportação de Armas um documento legalmente vinculativo: uma “posição comum”. Este obriga cada Estado-Membro a introduzir o Código na sua própria legislação sobre a transferência de armas. Será necessário velar para impedir que se façam transferências de armas para países que violam os Direitos Humanos, encontrar uma solução satisfatória para regular os excedentes de armas resultantes da redução do número de soldados dos exércitos nacionais e evitar a falta de transparência dos poderes públicos e a ausência de controlo parlamentar sobre este assunto.

Concretamente, pedimos que os Países-Membros da UE:
- Renunciem oficialmente à venda de armas ligeiras para países ou regiões nos quais está em curso um processo de desarmamento ou uma moratória;
- Reexamine a nossa legislação nacional e os procedimentos para a aplicação da Posição Comum de 2008 sobre as exportações das tecnologias militares e os armamentos, incluindo as armas ligeiras;
- Apresente anualmente um relatório detalhado das exportações e importações de armas ligeiras à Convenção de Registo de Armas da ONU;
- Apoie a implementação do Código de Conduta Internacional relativo às transferências de armas. Este foi apresentado à ONU pelos prémios Nobel da Paz e foi incluído no ATT (Tratado sobre o comércio das Armas). Este Código é um instrumento eficaz para a promoção da paz. É necessário por conseguinte apoiá-lo e assegurar, o mais possível, a sua implementação.
- Que se publique um relatório anual sobre as transferências de armamentos que inclua as armas ligeiras.

“A justiça, a sabedoria, o sentido da humanidade reclama…:que se pare a corrida aos armamentos…e o desarmamento devidamente efectuado de comum acordo e acompanhado de controlos eficazes. ”
(João XXIII, 1963, Pacem in Terris, N°112)

Cremos que, na resolução dos conflitos, os meios pacíficos têm vantagem sobre as opções militares.

Gostaríamos de saber:
- Como assegurar-se de que são atribuídos fundos suficientes para uma verdadeira resolução dos conflitos?
- Como é que os MPE podem favorecer mais abertura, transparência e coerência entre diplomacia, ajuda, interesses no apoio prestado à resolução dos conflitos e ao desenvolvimento sustentável?

Cremos que a UE deve viver de acordo com os seus princípios de democracia e igualdade, em concordância com a sua legislação e no respeito dos direitos da pessoa humana tanto na Europa como fora das suas fronteiras.

Gostaríamos de saber:
- Porque é que a UE deve aderir à Convenção Europeia dos Direitos Humanos e à Convenção dos Direitos da Criança?
- Como ajudar os Estados-Membros a ratificar e a pôr em prática o Protocolo (opcional) da Convenção contra a tortura, o Estatuto de Roma do Tribunal Internacional Penal e o Tratado contra a transferência das Armas da ONU?
- Pensa que o PE deveria elevar a Comité o actual Sub-Comité para os Direitos Humanos?


Notas e perguntas pessoais










Aceder a informações complementares


Este fascículo é apenas um ponto de partida. Para saber mais sobre temas específicos, bem como a perspectivas nacionais a este respeito, eis algumas pistas:

‘EU Civil Society' prepararam um instrumento de trabalho que comporta quatro folhetos relativos às acções. http://act4europe.horus.be/code/en/actions.asp?id_events=139

Os Escritórios de informação do Parlamento Europeu distribuem aos Estados-Membros informações detalhadas sobre assuntos precisos e na nossa língua:
http://www.europarl.europa.eu/elections2009/default.htm?language=PT

Os partidos políticos em com candidatos às eleições estarão interessados em partilhar as suas informações com vocês;

O manifesto de CONCORD para as eleições de 2009 apresenta o que CONCORD espera dos candidatos ao PE para as políticas de desenvolvimento http://www.concordeurope.org/Files/media/internetdocumentsENG/4_Publications/3_CONCORDs_positions_and_studies/Positions2009/Spanish-version-of-manifiesto.pdf (versão em espanhol)

OCIPE - Jesuit European Office
http://www.ocipe.info/index.php?id=3

“Eleições do Parlamento Europeu 2009, Guia para as Igrejas e organizações cristãs da UE” uma publicação redigida conjuntamente por quatro organizações ecuménicas em Bruxelas (APRODEV, CCME, CSC e Eurodiaconia)
http://www.ecumenicalvoices2009.eu

AEFJN agradece aos membros de “Ecumenical Voices” por lhe terem permitido inspirar-se no seu guião.



REDE FÉ E JUSTIÇA ÁFRICA-EUROPA


Quem somos?

AEFJN trabalha para que relações económicas entre a África e a União Europeia sejam justas e ofereçam um futuro melhor aos africanos.

A rede é formada por Africanos e Europeus que têm um conhecimento efectivo da realidade de África e querem promover a justiça:

Cuidando da criação
Trabalhando para quer todos tenham uma vida em digna
Promovendo a solidariedade
Trabalhando pela paz

Na Europa, fazem um trabalho de advocacia e de lobbying junto das instituições nacionais e europeias


http://www.aefjn.org/
http://www.portugal.aefjn.org/

Secretariado Internacional
Antena AEFJN Portugal
Rue Joseph II, 174
1000 Bruxelles
Belgique
Tél : +32 2 234 68 10
Fax : +32 2 231 14 13
E-mail : aefjn@aefjn.org

José Augusto Duarte Leitão
Rua S. Tomás de Aquino, 15
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Telm. 918736664

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[1] O Tratado de Lisboa, se for ratificado, elevará este número a 751.